Amigas, amigos e amigues, me digam uma coisa: vocês ouvem podcast? Já somos mais de 34 milhões de ouvintes, o que nos classifica como um dos maiores mercados consumidores do mundo, segundo a Global Web Index (GWI). Ao todo, representamos quase 40% dos ouvintes globais e o Brasil já é o segundo país que mais produz podcasts. São mais de 3,2 milhões de programas disponíveis para os brasileiros apenas no Spotify, grande parte deles produzidos de forma independente.
Será que existe alguém conectado que ainda não sabe o que é um podcast?
Números impressionantes, não acham? Podemos considerar esse formato de conteúdo digital como o mais democrático de todos, principalmente pela facilidade de acesso, já que estão sempre disponíveis para serem baixados e ouvidos a qualquer hora e em qualquer lugar. Segundo a Kantar IBOPE Media, mais da metade das pessoas (65%) têm o costume de ouvir podcasts entre 1 e 6 vezes por semana, enquanto navegam pela internet ou quando estão fazendo outras coisas, como cuidar da casa, em trânsito para o trabalho ou durante atividades esportivas, como corrida e musculação por exemplo.
É inegável que os podcasts caíram no gosto dos brasileiros e só de pensar no potencial de crescimento desse segmento, dá vontade de colocar a mão (e a voz) na massa. Imagino que muitos de vocês que estão lendo também pensam assim. Afinal de contas, os equipamentos de produção são acessíveis, as ferramentas de edição são fáceis de aprender e os canais de divulgação estão disponíveis para todos. Para colocar um novo podcast no ar, basta ter apenas uma ideia na cabeça e um smartphone na mão, além é claro de motivação para soltar a voz.
“Mas falar sobre o quê? Já não tem podcast demais?”
Essa é a famosa pergunta de 1 milhão de reais: “Será que tem espaço para algo novo?” Pode ser difícil de acreditar, mas é exatamente isso que está tirando o sono de muitas empresas. O mercado corporativo brasileiro já entendeu que o podcast é uma ferramenta muito útil de marketing digital e perfeita para servir como mais um canal de comunicação e aproximação de seu público-alvo.
Produzir podcasts não tem a ver necessariamente com originalidade, furo de reportagem ou inovação. Estamos falando sobre a possibilidade de trabalhar com mais um canal de fidelização que tem perfil multimídia como um de seus principais atributos, além do poder de fortalecer valores, objetivos e características culturais das empresas.
Não é por acaso que grandes plataformas de divulgação de conteúdo como o LinkedIn e o YouTube estão interessados em criar canais exclusivos para podcasts, seguindo os passos de grandes players de streaming de áudio, como o Spotify, Apple, Google e Deezer, entre outros. Segundo recente pesquisa do Comunique-se, mais da metade dos participantes afirmam que tiveram retorno financeiro com podcasts, mesmo com pouco investimento em patrocínio. O principal retorno, para 81% dos entrevistados, foi o fortalecimento da marca.
Liberdade com responsabilidade
Empresas que investem em podcasts são consideradas modernas e mais próximas de seus consumidores. A pesquisa do IBOPE encomendada pela Globo em outubro de 2020 mostra que, para cada 5 de 10 ouvintes entrevistados, os anúncios em podcasts são uma forma de se manter atualizados sobre os últimos lançamentos do mercado. Em um país onde o rádio ainda é considerado o veículo de comunicação com maior penetração e credibilidade entre o público em geral, fica fácil de entender o apelo que os podcasts possuem entre os ouvintes. O podcast fala ao pé do ouvido, serve como companheiro e tem o poder de trazer informação e entretenimento ao mesmo tempo.
A popularidade desse tipo de conteúdo digital cresceu muito durante a pandemia e continua conquistando seguidores, independentemente do formato em que as temporadas e os episódios são produzidos. Assim como outros canais digitais de comunicação, os podcasts dão voz a uma diversidade de pessoas e servem de vitrine virtual coletiva para qualquer um que queira chamar a atenção para questões de interesse geral, colocando o dedo nas feridas expostas em nossa sociedade.
Há espaço para o lúdico e o imaginário, mas também há lugar para o real, mesmo quando o teor das informações seja, no mínimo, questionável. Ao invés de censurar previamente qualquer conteúdo, prefiro que a irresponsabilidade de alguns e a empáfia de outros sejam julgadas e condenadas pela audiência. Pode parecer bobagem, mas essa liberdade de expressão que temos na podosfera é algo que precisamos dar valor e preservar. Ainda mais nesse momento em que estamos vivendo, em meio a eleições, fake news e etc…
E então, será possível escapar dos podcasts?
Sou jornalista, produtor de conteúdo da Agência Virta e viciado em podcasts. Tem alguma dica de programas, episódios ou temporadas para compartilhar?